Capitulo 20 ზ - Abraços foram feitos pra expressar o que as palavras deixam a desejar

"O silêncio de um abraço apertado as vezes supera qualquer tentativa de dizer o quanto é grande o sentimento. "

21 de Setembro

     Passei o dia na casa dos meus pais e a Clara se divertiu a beça na piscina. No comecinho da noite teve jogo na Vila Belmiro e a Clarinha iria entrar em campo com o Neymar, algo que ela ama. Apesar da insistência da Rafa e do Jota pra que eu fosse com eles pra Vila , acabei ficando em casa mesmo, e prometi pra minha pequena que veria o jogo pela televisão. E assisti mesmo sozinha na sala, comendo pipoca, só pra ver a alegria dela entrando no gramado do Estadio que ela tanto ama, segurando a mão do pai. O sorriso dos dois estampados em seus rostos foi a coisa mais linda de se ver. Quase chorei, e olha que nem foi a primeira vez que ela entrou em campo com ele. Assisti o jogo todo, vibrei, gritei, xinguei, comemorei, como sempre faço. Ele jogou bem demais, deu bons dribles, assistência e ainda fez um gol que dedicou a Clara, imagino o quanto ela ficou feliz e vai chegar em casa depois me contando toda toda que o papai fez um gol pra ela. Confesso que estava com saudades de ver ele jogar. Vencemos por 3x1 com direito ainda a golaço do Robinho e do Lucas Lima. Tenho que confessar que fiquei um pouco arrependida por não estar na Vila. 

>> Flash back on 
22 de junho de 2011 
 
    Com certeza foi um dia marcante pro Neymar e pra todo Santista. O Santos lutou muito pra chegar na final da Libertadores, depois de tantos anos de espera, era o nosso ano, tinha que ser. O elenco jogou demais pra conseguir chegar a final e merecia erguer a taça, mas não foi facil. O primeiro jogo na casa do adversario ficou no 0x0. Então aqui era tudo ou nada. Quando chegou quarta feira eu já acordei animada. Era a final mais importante da vida do Neymar até então, e mesmo que eu não quisesse demonstrar e negasse, estava muito orgulhosa por ele.  Eu queria, eu queria muito ir pro Pacaembu, mas com a Clara pequena, os meus pais acharam melhor que eu não fosse, porque o Estadio estaria lotado e seria melhor prevenir qualquer coisa. Nem isso tirou o meu entusiamos. Fiquei pronta uma hora antes do jogo, queria que ele jogasse bem e se consagrasse como idolo da torcida ajudando a ganharmos o Tri da Libertadores, e por isso vesti a minha camisa da sorte . Vesti a Clarinha também com o seu uniforme do peixe, o numero 11 nas costas e o nome dela escrito. Estava tão nervosa que fiquei andando de um lado pro outro na sala até o jogo começar. Só conseguia pensar no dia em que e ele me prometeu que ganharia a Libertadores e ainda dedicaria um gol pra mim
"Olívia: você sonha alto né ? Mas eu gosto de gente assim - pisquei - ó faz um favor pra mim ? Ganha a libertadores pra gente ta, estamos precisando
Neymar: pode deixar - riu - e ainda vou te dedicar um gol na final
Olívia: vou cobrar hein - rimos."  
    E agora que ele esta prestes a realizar um dos nossos maiores sonhos, não estamos mais juntos. Meus olhos marejaram e eu encarei o teto. O meu pai estava no Pacaembu com o meu irmão, a Isabelli e o resto do pessoal. Então em casa só estávamos eu a minha mãe e a Clara. 
Mirela: vai começar senta - me puxou 
Olivia: não consigo, to nervosa - cantaram o hino e a partida começou. Meu coração já estava tão acelerado que eu não sei se conseguiria chegar até o fim do jogo. O Santos começou o jogo indo pra cima, criando chances, perdendo gol pra caramba, mas a minha fé me dizia que o gol não tardaria a chegar. Fomos para o intervalo no 0x0 e o meu nervosismos começou a triplicar. A Clara acordou chorando e dei de mamar pra ela, que voltou pro colo da minha mãe porque eu não estava em condições de ficar com a mesma nos braços. Minhas mãos soavam, tremiam. Era um misto de nervosismos e euforia indescritível.  Ficava tentando imaginar o que estaria passando pela cabeça do Neymar, e o moleque voltou inspirado pro segundo tempo. Logo no inicio da segunda etapa, em bela jogada do Arouca, ele bateu de primeira, sem muita força, e marcou um gol histórico, um gol que marcaria a sua carreira pra sempre, o primeiro gol que viria dar o titulo ao Santos. Aos 20 anos marcar o gol de um titulo que o clube esperava a 48 anos, não era pra qualquer um , tinha que ser ele, como ele me prometeu. Cai de joelhos chorando, de felicidade, orgulho e ... saudade, principalmente saudade por saber que após o jogo eu não poderia comemorar com ele.
Mirela: olha lá Clara, foi pra você, o papai fez um gol pra você - olhei pra televisão e vi ele comemorando com o dedo na boca, chorei mais ainda. A torcida explodiu cantando, e o Neymar continuou indo pra cima, assim como todo ataque do Santos. Foi dos pés do Danilo que veio o nosso segundo jogo. Gritei e pulei tanto que até assustei a minha pequena. O titulo era nosso, ninguém iria tirar. Ainda tomamos um gol contra, mas nada apagou nosso brilho. Os meninos da Vila mereciam, mereciam pelo futebol que vinham jogando. Na torcida eramos milhares de corações vibrando e sofrendo juntos, e mesmo não estando no Estadio, eu sentia como se a sala da minha casa fosse parte do Pacaembu. A torcida jogava junto com o time. Não eram só 11 dentro de campo, eramos todos juntos. Quando o juiz apitou o final da partida, não sei nem descrever a emoção e felicidade que senti. Pulei até não sentir as minhas pernas, e cai de joelhos agradecendo a Deus. O meu time era campeão da América. Eramos Tricampeões da Libertadores e com um gol do meu menino, mesmo que ele não fosse mais meu, o meu coração ainda era dele. E naquela noite por pouco ele não saiu do peito e foi encontrar com ele.
>> Flash back off

    Quando me dei conta estava chorando, que saudades daquele dia, um dos melhores dias da minha vida, que pra ser completamente perfeito só faltou mesmo nós dois estarmos juntos e comemorarmos juntos após o jogo. Troquei de canal e deixei em um dos telecines que estava passando " Esposa de Mentirinha. " Fiz um miojo pra mim e comi enquanto assistia. Quando o filme terminou, lavei o pouco de louça que tinha, vesti meu pijama e deitei em baixo do meu cobertor na sala mesmo pra ver a maratona de Grey's Anatomy que estava passando. Acho que peguei no sono no terceiro episodio, e acordei assustada com o celular tocando. Era um numero desconhecido, mas atendi mesmo assim.
xxxx: Olivia ? - não tem como não reconhecer a voz rouca dele, iria sorrir mas já fiquei com o coração apertado porque ele parecia aflito
Olivia: o que foi ?
Neymar: a Clara - me coração disparou e senti um longo arrepiou percorrer meu corpo
Olivia: o que tem ela ? Pelo amor de Deus Neymar, o que aconteceu com a minha filha ?
Neymar: ela esta com febre e esta chorando sem parar - pela voz ele também estava chorando e eu fiquei mais apavorada ainda - eu não sei o que faço, to sozinho em casa com ela, minha mãe ta viajando, o meu pai também e a Rafa eu nem sei
Olivia: eu to indo pra i, fica calmo por favor - desliguei o telefone. Respirei fundo, desliguei a televisão, levantei e fui pro meu quarto. Vesti a primeira camiseta que encontrei e uma calça, calcei uma sapatilha, peguei minha bolsa, as chaves do carros e desci pra garagem. "É só uma febre Olivia, é só uma febre." Dei partida no carro e dirigi pro prédio dele tentando manter a calma. "É só uma febre Olivia, é só uma febre." Estacionei em frente ao prédio dele, sai do carro, travei as portas e toquei o interfone. O porteiro abriu o portão e avisou que a minha entrada estava permitida e que eu podia subir pra cobertura. Quando ele abriu a porta pra mim , estava completamente desnorteado.
Neymar: eu não sei o que fazer
Olivia: onde ela esta ?
Neymar: no meu quarto, vem - pegou na minha mãe e ele levei alguns segundos pra raciocinar. Seus dedos entrelaçados nos meus novamente eram informação demais pro meu cerebro. - vem - me puxou e então voltei pra realidade.
Olivia: filha - corri até a cama
Clara: mamãe - me abraçou chorando, ela estava queimando de febre.
Olivia: o que ta doendo meu amor ? - ela mostrou a barriga, a cabeça, o ouvido demonstrando que não sabia o que estava sentindo - já deu algum remédio pra ela ?
Neymar: não, eu não sabia o que dar
Olivia: certo - respirei e tentei ficar calma pra lembrar o que fazer
Neymar: quer ir pra emergência ?
Olivia: ela ficou bastante na piscina, deve ser por isso a febre, já mediu ?
Neymar: 39.8°c
Olivia: vai ficar tudo bem ta meu amor - acariciei seu rostinho. Cacei na minha bolsa um antitérmico que sempre dou pra ela - busca um pouco de água e uma colher, por favor
Neymar: claro - saiu correndo. Sentei na cama e peguei-a no colo
Olivia: a mamãe vai te dar um remedinho e você vai melhorar - ele voltou poucos minutos depois com um copo com água e a colher
Neymar: aqui - me entregou. Pinguei o remédio na colher, coloquei na boquinha dela e a mesma resmungou como sempre faz
Olivia: bebe - dei água pra ela
Neymar: e se a febre não baixar ?
Olivia: a gente liga pra pediatra dela, vou dar um banho nela
Neymar: o quarto dela é do lado do meu, quer ir pra lá ? - assenti e ele me ajudou a levantar. Fomos pro quarto da Clara. Ele me ajudou a despi-la e eu dei um banho nela, enxuguei-a e a vesti novamente. - e agora ?
Olivia: agora vamos esperar um pouco pra ver se a febre abaixa, fica calmo é só febre - tentei tranquiliza-lo
Neymar: como você consegue ?
Olivia: já estou acostumada - sorri - a Clara é um pouco manhosa - sentei na cama com ela no colo e fiquei ninando
Neymar: ainda esta doendo amor ? - sentou do meu lado e fez carinho em seu rosto. Ela negou com a cabeça e fechou os olhinhos. Que eu me lembre essa é a primeira vez que a Clara nos ve juntos, a não ser nos aniversários dela. Acabei cochilando com ela nos braços e quando acordei um pouco desorientada, estava nos braços dele. Sim, eu estava nos braços dele, e o mesmo também estava dormindo. Na verdade nós três pegamos no sono. Ele estava encostado na cabeceira da cama, com os braços envolvendo nós duas. O meu coração e a minha razão entraram em conflito. Enquanto o coração gritava pra que eu ficasse quieta e não estragasse tudo, a razão tentava me lembrar do porque eu estava ali. Fiquei com a razão e me mexi tentando sair dele, o que fez com que o mesmo acordasse. - que ? - balançou a cabeça
Olivia: o termômetro pra ver a febre, acho que abaixou - quando ele viu que estava abraçado a mim, não conseguiu evitar o sorriso. Ao perceber que eu estava olhando pra ele, ficou todo sem jeito, tirou os braços de mim e levantou
Neymar: vou pegar - saiu do quarto e voltou minutos depois com o termômetro na mão. Coloquei em baixo do bracinho da Clara, que ainda dormia, e esperamos ele apitar.
Olivia: 37.5°C abaixou - sorri - foi só febre mesmo, mas vou ligar pra pediatra dela amanhã - levantei
Neymar: é melhor levar ela pra casa né ?
Olivia: acho que sim - encarei qualquer coisa menos o olhar dele
Neymar: vou levar vocês
Olivia: não precisa, estou de carro
Neymar: já são 1h30 da manhã
Olivia: meu Deus, mesmo assim, estou de carro, vai ficar tudo bem com a gente - fui saindo do quarto e ele me acompanhou
Neymar: pode pelo menos me mandar uma mensagem quando chegar em casa ?
Olivia: posso, posso sim - não havia mal nenhum nisso - só que eu não tenho seu numero
Neymar: te mandou uma mensagem antes - abriu a porta pra mim - me de noticias dela por favor
Olivia: fica tranquilo - sorri e ele sorriu de volta
Neymar: é serio não esquece de me mandar uma mensagem - beijou a Clara, e eu senti vontade de que ele também me beijasse - vai ficar tudo bem pequena, a mamãe vai cuidar de você
Olivia: tchau - não sabia como me despedir dele então fui de uma vez pro elevador antes que fizesse besteira. Desci com a Clara, coloquei-a na cadeirinha, entrei no carro e dei partida. Só conseguia pensar nas mãos dele envolvidas no meu corpo. Cheguei em casa e fui direto pro meu quarto, deitei a Clara na cama e me juntei a ela. Meu celular apitou e era uma mensagem dele
" chegaram ? Estão bem ?"
" chegamos, pode dormir tranquilo, se ela voltar a ter febre eu te aviso, boa noite."
      Sorri pro celular e deixei o mesmo em cima do criado mundo. Não foi facil pegar no sono, ele atormentou os meus pensamentos por um bom tempo. (...) Acordei com o despertador e senti vontade de jogar ele na parede. A Clarinha estava dormindo tão tranquila, que nem parecia que tinha passado mal na noite anterior. Deixei-a dormindo e fui pro banheiro. Fiz minhas necessidades e o bla bla bla de toda manhã. Voltei pro quarto, me vesti, fiz um rabo de cavalo, calcei meu tênis e liguei pra minha mãe.
Olivia: bom dia mãe
Mirela: bom dia amor
Olivia: você pode ficar com a Clara
Mirela: posso, aconteceu alguma coisa ?
Olivia: ela teve febre ontem a noite, estou com medo que volte, vou marcar pediatra pra hoje a tarde
Mirela: sera que vai ficar gripadinha ?
Olivia: não sei, to achando que sim
Mirela: ela já acordou ?
Olivia: não
Mirela: então não acorda ela não, eu vou pra i, e fico ai com ela até ela acordar
Olivia: não mãe eu levo ela ai, isso vai te atrapalhar
Mirela: claro que não filha, fica tranquila, eu levo meu mac e posso fazer meus compromissos ai mesmo enquanto ela dorme
Olivia: se não te atrapalha então vem, se eu já tiver saído deixo minha chave com o porteiro
Mirela: ta, mas não vou demorar, já estou indo, beijo - desligou. Guardei o celular no bolso, dei um beijo na Clarinha, peguei minha bolsa e fui pra cozinha. Comi uma banana e tomei um copo de suco. Lavei o copo e desci. Deixei a chave com o porteiro e voei pra faculdade porque já estava atrasada. Não consegui prestar atenção em quase nada das aulas, porque a minha cabeça estava em casa, na Clara, fico sempre mal quando ela fica doentinha e a minha cabeça começa a pensar em um milhão de coisas. Já estava quase saindo da faculdade quando a minha mãe me ligou.
Olivia: oi mãe, a febre voltou ?
Mirela: ela esta queimando em febre de novo, não quis comer nada e agora esta com um pouco de falta de ar, estou levando ela pro hospital
Olivia: ai meu Deus
Mirela: fica calma, crianças ficam doentes lembra ?
Olivia: ta indo pro Ana Costa ?
Mirela: aham, dirigi com calma filha por favor
Olivia: vou ligar pra pediatra dela, mãe por favor não deixa nada acontecer com a minha bebê
Mirela: vai ficar tudo bem amor, ela vai ficar bem - desliguei e cai no choro. O que eu fiz de errado ? Não devia ter deixado ela tanto tempo na piscina, é culpa minha. Debrucei no volante do carro e chorei. Quando consegui me acalmar um pouco tentei ligar pra pediatra mas só deu caixa postal, então liguei pro pai dela.
Neymar: Olivia ? - tentei falar mas minha voz não saiu e  voltei a chorar - Olivia você esta chorando ? O que aconteceu ? - ele se desesperou 
Olivia: a Clara piorou - respirei fundo - a minha mãe esta com ela no Ana Costa, estou indo pra lá
Neymar: encontro você lá - desligou. Dei partida no carro e tentei dirigir com cuidado porque causar um acidente só iria piorar ainda mais a situação. Não sei quanto tempo gastei pra chegar no Hospital Ana Costa, mas foi um seculo porque peguei um transito bem chato, e fui ficando ainda mais angustiada. Estacionei, sai do carro, entrei no hospital e subi pro terceiro andar, pra ala pediátrica. 
Olivia: eu preciso ver a minha filha - falei na recepção 
Atendente: moça se acalma, qual o nome da sua filha ?
Olivia: Ana Clara Saltman dos Santos, ela tem 3 anos e deu entrada a pouco tempo
Atendente: ela esta sendo atendida, você vai ter que aguardar um pouquinho na recepção
Olivia: moça por favor não, eu sou mãe dela
Atendente: quer tomar uma água ? A pediatra já vem dar noticias
Olivia: não, eu preciso entrar, ela é um bebê, não pode ficar sozinha - comecei a ficar ainda mais desesperada 
Atendente: ela esta acompanhada, fica calma
Olivia: fica calma ? Você é mãe ? Tem noção do quanto eu estou desesperada ? Me deixa entrar por favor
Atendente: me acompanhei - fomos andando pelo corredor até ela parar em frente a um dos quartos. Olhei pra dentro do mesmo e vi a Clara na cama, e a minha mãe ao seu lado 
Olivia: filha - corri pro lado da cama e segurei sua mãozinha. Ela já estava no soro e dormindo - o que ela tem mãe ?
Mirela: a médica examinou ela e pediu pra aguardarmos, fica calma - me abraçou 
Olivia: como eu posso ficar calma com a Clara nesse estado ? Ontem ela estava bem, brincando, pulando, fazendo arte e agora esta deitada aqui
Mirela: ela vai ficar bem Olivia, tenta se acalmar por favor - me apertou contra os seus braços e eu cai no choro novamente.
xxxx: com licença - não acreditei quando olhei pra porta e vi quem estava ali.
Olivia: o que essa garota esta fazendo aqui ?  Não quero que ela chegue perto da minha filha
Mirela: filha ela esta cuidando da Clara - eu quase engasguei 
Olivia: o que ? Não, não, eu quero a pediatra da Clara
Leticia: a doutora Manuela esta viajando - ai que vontade de voar na cara dela
Olivia: você nem é médica ainda
Leticia: Olivia se acalme
Olivia: se acalme ? Garota some da minha frente - levei as mãos a cabeça
Mirela: filha por favor
Olivia: mãe essa garota é ... é ... eu não quero ela perto da Clara, isso não pode estar acontecendo - comecei a andar de um lado pro outro - o que a Clara tem ? - gritei
Leticia: ela esta com pneumonia
Olivia: o que ? - meu olhos ficaram marejados
Leticia: já foram feitos alguns exames e vamos começar o tratamento
Olivia: pneumonia ? - voltei a chorar e a minha mãe me abraçou
Mirela: ela vai ficar bem meu amor, ela vai ficar bem - desabei no choro enquanto ela acariciava meus cabelos
Neymar: o que aconteceu com a Clara ? - entrou no quarto desesperado
Mirela: Juninho calma
Neymar: o que você esta fazendo aqui ? - encarou a Leticia
Leticia: eu sou a médica dela - ele levou as mãos a cabeça
Neymar: isso só pode ser brincadeira, e de muito mal gosto
Mirela: a Clara esta com pneumonia e vocês dois vão ter que se controlar
Clara: mamãe - choramingou acordando
Olivia: o meu amor - segurei sua mãozinha - a mamãe ta aqui, a mamãe ta aqui
Enfermeira: doutora Leticia com licença, os exames da Ana Clara ficaram prontos - entregou alguns papeis a ela 
Leticia: obrigada - sorriu - os exames confirmaram que a pneumonia  é do tipo bacteriana, vou prescrever a medicação e quero que ela continue aqui em observação até reagir. Se me dão licença
Olivia: alguém diz que isso é um pesadelo por favor - fechei os olhos desejando que eu quando eu os abrisse de novo, a Leticia tivesse sumido. Depois de tudo que aconteceu, ela veio me procurar, sim ela teve a cara de pau de vir me procurar, mas eu nem dei chance a ela de abrir a boca pra falar, nada justificaria o que aconteceu. Se eu me sentia traída pelo meu namorado, me sentia mais ainda por ela, porque esperava aquilo de qualquer um , menos da pessoa que eu mais confiava. Dai o destino gosta tanto de zoar com a minha cara que dá uma dessa comigo, faz com que a minha filha fique doente e que a unica médica do local, médica não, ela ainda deve ser residente, seja a Leticia. Fiquei acariciando o rostinho da Clara até ela voltar a dormir. Não sai do lado dela pra nada e o  Neymar também não. Quando a minha mãe saiu e nos deixou a sós, o silêncio se instalou e nenhum de nós ousou dizer algo, nem ao menos nos olhamos. Uma enfermeira veio medicar a Clara e ela acabou acordando de novo. 
Neymar: oi princesinha - acariciou seu rostinho 
Clara: quero ir pra casa - sua voz estava tão fraquinha que meu coração se apertou mais ainda 
Olivia: ah meu amor - apertei a mão dela e tive que me segurar pra não voltar. Ver a minha filha assim é horrível.
Neymar: esta com fome ? - ela assentiu 
Clara: quero chocolate
Olivia: não pode filha
Clara: por favor
Neymar: eu vou ver se pode, e compro
Mirela: voltei - entrou no quarto 
Clara: vovó me leva embora - choramingou 
Mirela: daqui a pouco a gente vai ta bom
Clara: eu não gosto daqui - fez bico 
Mirela: Olivia você comeu alguma coisa hoje ?- acho que ela perguntou porque eu estava de olhos fechados encostada na cama 
Olivia: uma banana de manhã
Mirela: já passam das 15h, você precisa comer
Olivia: estou bem
Neymar: vai querer passar mal e precisar ficar internada também ?
Olivia: não estou com fome
Neymar: mas precisa comer - revirei os olhos pra ele - sua mãe fica com a Clara, a gente desce compra algo pra você comer e chocolate pra ela
Mirela: vai filha
Olivia: amor a mamãe já volta ta - beijei sua bochecha 
Neymar: o papai vai trazer chocolate - deu um beijo no topo da cabeça dela 
Olivia: mãe se ...
Mirela: ela vai ficar bem, pode ir - sai do quarto e o Neymar veio atrás. Fomos caminhando pro elevador e entramos em silêncio.
Olivia: isso é tudo culpa minha - surtei e comecei a chorar descontroladamente - ela esta dente por minha culpa - levei as mãos a cabeça
Neymar: Olivia - sem que eu estivesse esperando ele me abraçou e me apertou em seus braços, como que se ali nada pudesse me atingir, e não poderia mesmo, o abraço dele sempre foi um porto seguro pra mim. Que saudades eu estava dos braços dele me envolvendo, da paz que só o abraço dele me traz. No silêncio daquele abraço pude ouvir seu coração batendo tão acelerado quanto o meu. Não seriam necessárias palavras porque o aquele abraço dizia tudo o que queríamos dizer mas não tínhamos coragem. Ele acariciou minha cabeça até a intensidade do meu choro diminuir e então desfizemos o abraço.
Olivia: desculpa - me afastei enxugando as lagrimas 
Neymar: a Clara vai ficar bem - acariciou meu rosto limpando as minhas lagrimas - e mesmo que você não queira, estou com você nessa - sorriu e saiu do elevador, me deixando pra trás.